Fernanda Corrêa - Psicologia Clínica e Neuropsicologia aplicada à infância e adolescência
No mundo da Lua...
Cada dia mais ouvimos dizer de alguém que recebeu o diagnóstico de TDA ou TDAH, sigla que identifica o Transtorno de Déficit de Atenção, que pode ou não ser acompanhado pela Hiperatividade. Trata-se de um problema que dificulta a aprendizagem do aluno por prejudicar a sua concentração em manter o foco, concorrendo com estímulos distratores de qualquer natureza presentes no ambiente.
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Existem critérios para se realizar o diagnóstico, portanto é importante lembrar que nem toda distração pode ser déficit de atenção. Além de preencher os critérios estabelecidos pelo DSM V, é preciso que ocorra em pelo menos dois contextos distintos, produza prejuízo significativo no funcionamento social, acadêmico e ocupacional. Pode acometer crianças, adolescentes e adultos, o que significa que uma vez identificada, acompanhará o indivíduo por toda a vida. A diferença é que a maturidade e o conhecimento de que se tem o transtorno, vão ajudando a pessoa a conviver melhor com suas dificuldades.
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Costuma ser mais comum identificar crianças com déficit de atenção com hiperatividade, pois, por não permanecerem quietas e agirem de forma mais impulsiva, chamam mais a atenção das pessoas (pais, familiares, professores). Esses, logo são encaminhados. Já as crianças que têm o transtorno, mas são mais quietas, nem sempre se percebe precocemente, e muitas vezes a intervenção é tardia. Quanto antes é feito o diagnóstico, mais beneficiada é a criança.
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O déficit de atenção pode ainda ser acompanhado de mais algum problema de aprendizagem, ou mesmo de algum transtorno mental, a isso chamamos de comorbidade. Uma criança pode ter um problema específico que compromete sua leitura e escrita, e ter a hiperatividade acompanhando. É comum em quadros como os dos autistas, virem acompanhados do TDAH também. Mais comum ainda, é o TDAH vir acompanhado de TOD (transtorno opositor-desafiador).
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O tratamento deve ser planejado de acordo com a individualidade de cada caso, podendo envolver vários profissionais, tais como: o médico neuropediatra, que vai avaliar se há necessidade ou não de acompanhar com medicação; o psicólogo, que vai colaborar para que a pessoa aprenda a lidar com suas dificuldades, a planejar, a avaliar consequências, encontrar estratégias para manter o foco nos estudos, na autoestima, na autoconfiança, entre outras habilidades, bem como orientar familiares em como lidar com tudo isso; pode envolver o fonoaudiólogo, quando for identificado problemas relacionados com a linguagem.
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Atividades esportivas, rotinas estruturadas, limites e regras bem definidos ajudam a pessoa que tem TDAH a se organizar em todas as áreas de sua vida. Na escola, a criança deve sentar-se próximo ao professor, e ter o mínimo de distratores por perto. Em casa, as tarefas podem ser divididas em blocos menores de tempo, intercaladas com alguns minutos de descanso, em lugar iluminado, neutro e silencioso. Atualmente, o sistema de intervenção em Memória Operacional conhecido como COGMED tem trazido importantes contribuições na reabilitação do TDAH.
Mas isso não é tudo. Se você percebe que sua criança tem dificuldade em terminar aquilo que inicia, não para muito tempo quieta em um lugar, remexe-se com movimentos de braços e pernas mesmo quando está sentada, perde com facilidade objetos, precisa que a chame várias vezes para que responda, não copia toda a tarefa na aula, precipita-se ao falar, procure a avaliação de um especialista. Importante saber que é um conjunto de características e não apenas uma ou duas delas que vão significar que haja um problema.
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Fernanda Corrêa
Psicóloga clínica
CRP 06/75235
(credenciada ao COGMED)
Conheça mais sobre o Cogmed, programa com evidências científicas para o desenvolvimento da atenção.