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  • Fernanda Corrêa - Psicóloga

O LADO BOM DA FRUSTRAÇÃO


O LADO BOM DA FRUSTRAÇÃO

Quem é que se sente bem ao criar expectativas e elas não se concretizarem? Eu apostaria que ninguém. Pois é na tentativa de evitar o sofrimento dos filhos, que muitos pais dessa nossa geração, estão deixando de oferecer consequências adequadas, capazes de prepará-los para lidar com o “não”.

Atualmente, percebo uma onda crescente de procura no consultório, de pais que se queixam de filhos que não aceitam o “não”. São crianças que estão desenvolvendo comportamentos nada aceitáveis, e fugindo significativamente do controle de seus responsáveis.

Parte dessa demanda ocorre porque as gerações mudam, e com elas novas condutas são adaptadas na vida das pessoas. De uns tempos pra cá, o poder de compra mudou quando comparamos à era de nossos pais e avós. Além disso, o consumismo assumiu novas roupagens, está muito mais acessível e visualmente muito mais atraente. O acesso ao mundo tecnológico expõe nossas crianças a querer e querer cada vez mais. A ideia de que “se eu posso dar, porque não?”, pode desenvolver pessoas que se acostumam a ter/ganhar sem fazer esforço para isso. Na linguagem comportamental, são pessoas reforçadas obtendo ganhos, sem que houvesse uma contingência apropriada para justificar esse ganho. É como se eu ganhasse dinheiro sem ter que trabalhar. Dessa forma, não se desenvolve repertório eficaz de valorizar e conquistar as coisas. Presentes que são merecidos e/ou conquistados são muito mais valiosos.

Mas não é só no consumismo que vemos valores familiares se distorcendo. O medo supersticioso de muitos pais, sobre chatear seus filhos e perder o amor desses, os tornam pouco capazes de oferecer consequências adequadas aos seus comportamentos. Assim, uma criança cujos cuidados são oferecidos a terceiros (babás, avós, escola...), pode passar a ter a ausência dos pais compensada por presentes.

Por fim, a

quela criança que nunca cai, não vai aprender ou, vai demorar mais para aprender a se levantar. Aquela criança que tem “tudo” o que quer, vai sentir uma grande dificuldade quando precisar conquistar o que deseja. Aquela criança que não ouve “nãos”, também falhará ao dizer não para as drogas. Aquela criança que sempre é atendida terá dificuldades para fazer escolhas, lutar por seus objetivos, respeitar hierarquias e regras.

Portanto, frustar dentro de um contexto equilibrado, pode ser muito bom para o amadurecimento. Dosar e ter coerência é o segredo para se manter esse equilíbrio.

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